Como introduzir uma segunda língua para o seu filho?

Tenho recebido muitas perguntas sobre como fiz para introduzir uma segunda, terceira língua para as meninas. É importante lembrar que tanto eu como meu marido somos Brasileiros então isso já ajuda muito. Falar português nunca foi uma opção e sim uma obrigação, desde o primeiro dia de vida delas combinamos que iríamos falar com elas apenas em Português, afinal de conta elas também são Brasileiras independente de onde nasceram. 

Quando a Maya nasceu em Xangai, nós falávamos em Português com ela e a nossa funcionária em Chinês. No começo ela observava bastante e parecia entender os dois mas demorou um pouco mais para falar quando comparada a uma criança monolingue da mesma idade que ela. 

Existe um estudo que diz que pode existir um “período de silenciamento” quando uma criança é exposta a uma segunda língua. Ela pode não falar imediatamente apenas por ainda não ter a habilidade de expressão mas isso não significa que ela já não esteja em pleno processo de aprendizado. Foi exatamente isso que aconteceu com a Maya. Mudamos de Xangai para Nova Iorque quando ela tinha 2 anos e meio e de um dia para outro ela foi parar numa escola que só falava Inglês.

O mesmo aconteceu nas primeiras semanas de aula ela observa mais do que falava. Se aquilo me preocupa? Jamais, já havia lido e estudado muito sobre o tema inclusive acredito piamente que até os 8 anos de idade, a aprendizagem é um processo muito intuitivo no qual o esforço que os pequenos precisam realizar é mínimo. No entanto, ainda há pais que se mostram relutantes em acreditar que isso possa acontecer e se complicam desnecessariamente. 

Devemos nos lembrar de que o cérebro das crianças funciona como uma esponja. O cérebro deles é capaz de entender e absorver com facilidade os conceitos, o que facilita o processo de aprendizagem, de um modo geral. 

Por outro lado, seus ouvidos são capazes de captar todas as sutilezas (entonações, cadências, modos de articulação, etc.) das diferentes línguas, a nível fonológico, o que é excelente para desenvolver uma pronúncia correta.

Depois do primeiro ano em Nova Iorque mudamos ela para uma escola bilíngue (Inglês/ Mandarim) e nao é que o Mandarim estava guardadinho ali no seu “hard drive”?! Em poucos meses ela estava falando três línguas aos 5 anos de idade. Aos 6 anos introduzimos o Espanhol quando nos mudamos para a Cidade do México e a essa altura aprender outra lingua já nao era uma barreira.

A Luna nasceu nos Estados Unidos, saiu de de lá aos três anos falando Português e um pouco de Inglês, havia começado na escolas a 6 meses somente. Resolvi colocá-la numa escolinha de bairro em Espanhol somente no primeiro ano e somente no segundo ano ela mudou para a escola da irmã que era bilíngue (Inglês/Português).

No México, resolvi dar um pausa no Mandarim no primeiro ano. No segundo contratei uma professora particular que vinha 1x na semana brincar com elas em Mandarim, era uma aula bem lúdica, só não queria que elas deixassem de ouvir o Mandarim. No caso da Maya relembrar e no caso da Luna ouvir pela primeira vez. A Luna até então não tinha tido nenhum contato com o Mandarim. Voltamos para o Brasil com as duas carregadas no sotaque em Português, falavam fluente mas com bastante sotaque e em seis meses estão mais “Paulistas” do que muita gente que conheço! 

Conclusão: Não tenham medo de expor as crianças a uma ou mais línguas, deixem bem claro qual a língua que será falada em casa e o resto vem naturalmente. Se a língua materna dos pais for diferente, aconselho que cada um fale com a criança na sua própria língua materna. Neste caso, a criança será “bilíngue de nascença” e tende a ser igualmente fluente nos dois idiomas (desde que tenha a mesma quantidade de oportunidades de utilizá-los). Para facilitar a diferenciação e não confundir a cabeça deles, meu conselho é que cada adulto escolha apenas uma das línguas e siga com ela para se comunicar no início. Não é recomendável que a mesma pessoa fale com a criança uma hora em português e outra em espanhol, por exemplo. 

Uma criança bilíngue ou poliglota terá muito mais facilidades no futuro para se desenvolver no âmbito social. Por outro lado, saber falar vários idiomas facilita o acesso a postos de trabalho. Apenas um exemplo dos benefícios em longo prazo.

Beijos,

Chella

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